quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Fome chega a cem famílias no Vale da Amoreira

Carla e João preparavam ontem à pressa o almoço ao som do kizomba que vinha da casa da vizinha, mas que bastava para animar o humilde T1, onde o casal vive com três filhos. Na sertã o chefe de família mexe três ovos a que junta uma lata de salsichas. Na mesa já está um pacote de batatas fritas e os três pequenos de garfo em riste. É o almoço para os cinco lá de casa. "Temos de comer à medida do possível para dar também para o jantar", explicava João.

 Este agregado de ascendência cabo-verdiana está entre as mais de cem famílias identificadas como casos de pobreza extrema a residirem no problemático Vale da Amoreira (Moita), que além de não terem dinheiro para comer, também deixaram de pagar as prestações das suas casas. A freguesia é habitada por cerca de 16 mil pessoas, sendo que a taxa de desemprego já ascende aos 55%, consequência directa do encerramento de algumas unidades fabris no sector metalúrgico e componentes auto no distrito de Setúbal.
Já quanto aos jovens à procura do primeiro emprego que não encontram saídas profissionais, o número de desocupados ascende aos 60%, o que ajudará a explicar a elevada propensão para enveredarem no mundo do crime.
Tanto Carla como João já se encontram desempregados há tempo suficiente para terem perdido a vergonha de assumirem que estão a passar "grandes dificuldades". Até ao ano passado ainda foram escondendo o possível, mas acabaram a pedir ajuda quando deixaram de ter leite para dar aos filhos, confessa a mãe das crianças, uma antiga empregada de balcão que há mais de dois anos perdeu o emprego, quando a loja onde trabalhava fechou, garantindo que apesar dos tenros 34 anos já perdeu a esperança de dar um novo rumo à vida...

in JN 21/02/2009

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mesmo quem trabalha não escapa à pobreza


Estatística dita que 12% da população trabalhadora, em Portugal, é pobre

A pobreza em Portugal deixou de ser vista como natural, na última década. É mais incómoda e aparenta ser um alvo a abater. Ainda assim, a realidade nua e crua dita que 12% da população que trabalha é pobre e que não basta trabalhar para escapar a ao flagelo.

"Aquela ideia de sermos pobrezinhos, mas honestos, e de aceitarmos a pobreza como uma fatalidade está a acabar. Isto representa um grande salto cultural e só com ele podemos avançar", afirma o sociólogo e professor universitário Luís Fernandes.

Avançar para medidas que travem um flagelo que é extensivo também àqueles que trabalham. Em Portugal, 18% da população enfrenta uma situação de pobreza e 12% dos trabalhadores também, ou seja, o trabalho deixou de ser receita eficaz contra a pobreza. Onde está a grande variável discriminatória? "Está na precariedade e na desregulação do trabalho. Não há contratos ou há contratos ao dia, aos cinco dias, ao mês", explicou Luís Fernandes.

No mesmo patamar, assistimos a uma mundialização do mercado que "fez entrar em competição directa economias que antes não competiam entre si. Regressaram os regimes de 12 horas laborais por dia, pelo salário mínimo", acrescentou o sociólogo. Um salário mínimo que não significa recurso para participar nos hábitos e costumes de uma sociedade que, paradoxalmente, é cada vez mais exigente.

E, ainda assim, com a desregulação do trabalho, com a sua precarização e com os salários baixos, não ficamos mais competitivos. Esta não é, portanto, a receita para um país mais produtivo e competitivo. "A pedra de toque está na qualificação, na educação. Só assim poderemos produzir, competir e crescer", disse.

Um outro factor, ainda, tem que entrar nesta equação: a distribuição da riqueza. "Nós temos um grave problema da distribuição da riqueza. São cinco milhões de população activa a produzir riqueza e como é feita essa distribuição?", questionou. Basicamente, o que isto quer dizer é que, entre outras coisas, a política dos salários baixos tem que acabar. Já assim o disse, por diversas vezes, Alfredo Bruto da Costa, ex-presidente do Conselho Económico e Social.

São necessárias medidas sociais e medidas económicas, mas, sobretudo, que todas elas sejam estruturais e não pontuais. "A pedra de toque está na Educação, na qualificação", insistiu.

LEONOR PAIVA WATSON in JN 08/02/2010

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Cinema- Ruas da amargura- de Rui Simões

As Ruas da Amargura são povoadas por homens e mulheres, de todas as idades, com carências afectivas, financeiras, problemas mentais, alcoolismo, toxicodependência, ou simplesmente pessoas que chegaram a Portugal à procura de uma vida um pouco melhor.

Do outro lado das Ruas há um formigueiro de voluntários, assistentes sociais e técnicos diversos que constroem e mantêm estruturas de apoio, uns pensando em dias melhores, outros institucionalizando a ajuda sem acreditar que o fenómeno possa ter cura.

A NÃO PERDER NO PRÒXIMO DIA 10 de Fevereiro no ACERT em Tondela.




"A Naifa volta a afiar o panorama musical português com mais uma obra subversiva sobre a estética do Fado."
Sara Louraço Vidal – Portal do Fado


“Tanto literária como musicalmente, tudo se joga aqui no plano das citações, das sobreposições e dos contrapontos, mas este lúdico jogo de referências cruzadas e tonalidades contrastantes revela-se fluido e convincente. Extremamente criativos, João Aguardela e Luis Varatojo demonstram, novamente, ter mais ideias por canção do que outros em albums inteiros e conseguem criar um universo musical que só a eles pertence”
Jorge Lima Alves - Expresso