sábado, 15 de maio de 2010

Morreu combatente da causa da cidadania



É famoso desde os anos 60 como um ‘puro e duro’. Defendia códigos de comportamento estritos e nunca virava a cara à luta: em 25 de Abril de 1974 estava preso em Caxias, por ser detido numa manifestação de rua onde não deviam aparecer pessoas como Saldanha Sanches, com vários anos de prisão. Mas a ele só o agarraram após ficar ferido ao saltar por uma janela.

Após concluir o curso de Direito, na Universidade Clássica de Lisboa, em 1980, fez mestrado em Ciências Jurídico-Económicas, em 1986, com 16, e ainda doutoramento, em 1996, com ‘Bom com Distinção’. Foi admirado como professor e viu reconhecida a competência profissional como fiscalista.

O seu estilo frontal e polémico vem-lhe da vida de combatente pela liberdade desde antes do 25 de Abril. Distinguiu-se nas associações de estudantes e foi preso pela primeira vez, em 1964, por distribuir panfletos contra a ditadura. Mas a polícia só o apanhou após atingi-lo a tiro, junto ao café Smarta, em Lisboa.

Na altura, era militante do PCP e foi defendido em ‘tribunal plenário’ por Mário Soares. Acabou absolvido e passou à clandestinidade, mas voltou a ser preso nos finais de 1965 por actividades contra a ditadura. Condenado, esteve seis anos no Forte de Peniche. Provou ser ‘puro e duro’: não falou apesar das torturas a que foi submetido e ficou com a fama de se ter virado aos pides.

A valentia mostrou-a ainda quando já no MRPP, em Outubro de 1972, transportou ao hospital o seu colega Ribeiro dos Santos, também de Direito, que morreu em consequência de um tiro da PIDE/DGS. Foi director do ‘Luta Popular’ mas na luta ‘linha negra-linha vermelha’ deixou o MRPP. Era casado com a procuradora Maria José Morgado, também ex-militante do MRPP


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